sábado, 31 de maio de 2008

CAMINHANDO*
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Ando para entender o tempo como coisa que nasce e morre no silêncio que habito.
Caminho nos dias como quem se alimenta da própria sombra, sem reparar nas rugas obstinadas que marcam a minha casa tua marca deixada que ainda existes, porque o rumor do rio me devolve o som dos teus passos e a ressonância da tua voz, mas não te sinto a escorrer pelas paredes da casa, nem no exsudar do meu corpo.
De todas as sombras que me cerram o olhar nenhuma me encobre a luz que dantes brotava de ti, apenas esta penumbra do entardecer tem o teu nome, quando nas tardes se instala no meu peito, para ficar a ver a lua agonizar só. Sei a tonalidade do sol porque a trago na memória arrecadada, do teus lábios de melSei que o silêncio dos lugares altos me aproxima de Deus e me afasta de ti, mas subo todas as vertentes, na intenção de te personificar com a intangibilidade dos santos e, a materialidade dos deuses pagãos dos bosques. Ergo túmulos de amor eterno e cubro-os de todas as palavras proferidas por todos os amantes proibidos de todos os tempos.
Sou a guardião de todos os segredos, na cegueira cúmplice em que a mim mesmo me (ante)vejo.
Aqui, o tempo cobre-me, sem que o note, de camadas sucessivas de pó e esquecimento.
Em Ti penso fazendo apenas um esboço feito a carvão, no sudário em que te guardo.
As tuas mãos para mim estendidas, porém apenas vento.
E eu tecendo só o meu sonho, sentado no interior deste silêncio...
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...ªª@rthur@raújo*

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